Adquirir uma casa é a realização de um sonho para muitos, mas também levanta uma das questões mais complexas da arquitetura: vale mais a pena reformar ou demolir e construir novamente? Essa decisão costuma envolver questões técnicas, legais, ambientais e, às vezes, até emocionais, além de um equilíbrio entre orçamentos e expectativas. No entanto, o arquiteto Paulo Tripoloni , à frente do Atelier que leva o seu nome, reforça que cada caso exige uma análise minuciosa.
“É natural que as pessoas pensem que reformar sempre será mais barato do que demolir. Mas, em muitas situações, quando falamos de casa, reforçar uma estrutura antiga sai mais caro e menos eficiente do que começar do zero. A demolição, quando bem planejada, deve ser entendida como uma etapa de construção, nunca como destruição sem propósito “, diz.
Em razão disso, o profissional trata dos aspectos de ambas as decisões.
O primeiro passo
Se você já tem uma casa ou está pensando em comprá-la, Paulo sugere que é preciso realizar uma avaliação profissional sobre a estrutura existente. Esse diagnóstico permite identificar problemas como fissuras, recalques, fundações frágeis ou paredes portantes que inviabilizam mudanças de layout. Para tanto, é necessária a contratação de um profissional, seja arquiteto ou engenheiro.
Em muitos imóveis antigos, alterações feitas ao longo dos anos comprometem a estabilidade, como paredes retiradas sem projeto adequado, fundações frágeis e improvisos construtivos, podem inviabilizar uma reforma de qualidade.

“Já houve casos em que minha equipe constatou que a casa já havia sofrido tantas modificações que não suportaria a intervenção pretendida sem altos custos de reforço. Nesse caso, a demolição foi a escolha mais racional “, conta Paulo Tripoloni.
Além disso, quando o imóvel possui ou não a planta original, é sempre preciso realizar um levantamento cadastral mais detalhado, sendo recomendado também, em áreas externas, o levantamento topográfico, que traz dados precisos sobre o terreno e evita erros de projeto.
Após uma avaliação estrutural, o profissional contratado buscará entender as necessidades e expectativas do cliente para simular custos comparativos entre reforma e reforma.
Cuidados com hidráulica e elétrica
A infraestrutura é um dos grandes desafios em reformas, pois em geral, a parte hidráulica precisa ser totalmente adquirida em imóveis antigos, já que tubulações desgastadas apresentam vazamentos ocultos e não suportam sistemas modernos de aquecimento ou pressurização. Da mesma forma, a parte elétrica raramente atende às demandas atuais.

“O estilo de vida mudou, e as casas precisam acompanhar isso. Hoje temos equipamentos de alta potência, automação residencial e até integração com energia solar. Instalações antigas não foram dimensionadas para essas exigências. Por isso, em muitas reformas, acabamos refizendo do zero toda a rede elétrica para garantir segurança e funcionalidade ”, explica Paulo.
Tempo e logística da obra
O cronograma também é determinante, reformas tendem a ser mais imprevisíveis, já que durante a execução surgem surpresas estruturais que exigem tempo e investimento. Já a demolição, embora pareça mais radical, pode oferecer maior previsibilidade, já que se acontece de uma base nova e controlada.
“ É comum ouvir clientes dizerem que têm medo da demolição porque imaginam um processo mais longo. Mas, na prática, uma reforma de imprevistos pode durar muito mais. A demolição, quando necessária, nos dá explicitamente de cronograma e menos riscos de atrasos ”, afirma o arquiteto, que lembra ainda que a vivência dos moradores deve ser considerada em reformas, pois muitas vezes é preciso sair da casa temporariamente devido ao barulho e à poeira.
Mas afinal, quando demolir é mais vantajoso?

Para essa resposta, Paulo indica sinais claros, como comprometimento estrutural grave, layout ultrapassado que exigia uma demolição interna pesada e infraestrutura hidráulica e elétrica obsoletas. Em geral, quando a soma dessas intervenções ultrapassa 60% do valor de uma nova construção, reconstruir se torna uma decisão mais lógica e eficiente.
” Não existe receita pronta. Mas quando percebemos que uma reforma exige um esforço quase equivalente a erguer um imóvel do zero, é melhor compensar a estratégia. Além de economizar, o cliente ganha em funcionalidade e valor de mercado “, pontua.
Mas há também uma parte burocrática, pois toda demolição precisa ser licenciada junto à prefeitura, com apresentação de laudos e projetos. Em imóveis tombados ou em áreas de preservação, o processo é ainda mais rigoroso. Por isso, não dá para iniciar esse tipo de obra sem respaldo legal, sob risco de multas e embargos.
É importante avaliar a demolição se estamos falando de um patrimônio tombado e|ou com valor histórico.
E reformar?

Quando a escolha é pela reforma, algumas adaptações são praticamente imperativas para adequar o imóvel aos padrões atuais. Entreesses, Paulo enfatiza:
· Infraestrutura de gás e aquecimento central;
· Instalação de ar condicionado e automação;
· Revestimentos e acabamentos modernos;
· Integração de ambientes para melhor circulação;
· Instalação de sistemas sustentáveis, como painéis solares e aproveitamento de água.
Paulo ainda destaca que reformar pode ser uma ótima alternativa quando há valor histórico ou afetivo envolvido. ” Muitas famílias querem manter memórias vivas, preservando pisos, portas ou a fachada original. O desafio do arquiteto é conciliar esse respeito à história com a funcionalidade que a vida moderna exige. Quando bem equilibrado, o resultado pode ser único “, afirma.
Ou seja, não restam dúvidas…
Se a ideia é reformar, vale ter em mente que uma estrutura existente precisa estar em boas condições, que uma infraestrutura deve suportar as adaptações desejadas e que imprevistos podem acompanhar o cronograma. Já a demolição, apesar de soar radical, não é um bicho de sete cabeças e, em muitos casos, pode simplificar o processo.
” Jamais tome decisões precipitadas. A pressa em começar pode levar a erros caros e a frustrações. Avaliar com calma, planejar bem e considerar todos os fatores técnicos, financeiros, ambientais e estéticos, é o caminho para que a obra seja um sucesso e realmente atenda às necessidades de quem vai morar ali “, conclui Paulo Tripoloni.
Sobre o Atelier de Arquitetura Paulo Tripoloni
Para o arquiteto Paulo Tripoloni, nasceu na maior cidade da América Latina o fez refletir, desde cedo, sobre o lugar do homem nas cidades – o morar, o viver e o trabalhar. Morar em São Paulo despertou nele o olhar atento aos detalhes, necessidades e a força que a urbanidade trazia. Encontrou na arquitetura minimalista uma de suas inspirações para realizar projetos que buscam atender às necessidades da vida contemporânea por meio de ambientes funcionais, belos e ecologicamente responsáveis que conectam cada cliente ao que, de fato, é essencial para cada um.
Instagram: @paulotripoloni
Site : www.paulotripoloni.com.br

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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