A geladeira é aliada essencial na rotina doméstica, mas nem sempre sabemos usá-la da forma correta. Muitas pessoas mantêm alimentos refrigerados por tempo demais, ou esquecem de guardar sobras rapidamente após o preparo. O resultado disso pode ser mais grave do que se imagina: alimentos mal conservados podem colocar em risco a saúde da sua família e gerar desperdícios desnecessários.
Com a orientação certa e alguns cuidados simples, é possível prolongar a vida útil dos alimentos, manter o sabor e os nutrientes por mais tempo — e, claro, evitar intoxicações causadas por bactérias como a Salmonella e a Escherichia coli, que se proliferam em ambientes fora da faixa ideal de temperatura. A seguir, explicamos quanto tempo os principais alimentos duram na geladeira e fora dela, com base nas diretrizes da Anvisa, do Ministério da Saúde e de especialistas em nutrição e segurança alimentar.
A importância de saber conservar: temperatura e prazos fazem toda a diferença
A temperatura da geladeira deve se manter entre 1 °C e 5 °C. Fora dessa faixa, a proliferação de micro-organismos aumenta exponencialmente, especialmente entre 5 °C e 60 °C — a chamada “zona de perigo”.
Segundo a nutricionista Juliane Lopes, especialista em vigilância sanitária e professora da Universidade Positivo, “a forma como armazenamos o alimento é tão importante quanto sua origem ou preparo. Mesmo comidas aparentemente boas podem conter toxinas invisíveis quando mal refrigeradas.” Ela lembra que, após o cozimento, os alimentos devem ser refrigerados no máximo até duas horas depois.
Carnes cruas, laticínios, ovos, massas, bolos e até vegetais têm tempos diferentes de durabilidade — e tratá-los como iguais é um dos principais erros nas cozinhas domésticas.
Tempo de durabilidade de alimentos comuns na geladeira
Abaixo, listamos prazos médios de conservação para alimentos que frequentemente temos em casa, sempre levando em conta o acondicionamento em potes com tampa e temperatura constante:
- Ovos crus com casca: até 21 dias na geladeira, preferencialmente longe da porta, onde há maior variação de temperatura.
- Ovos cozidos: duram até 5 dias quando guardados sem casca.
- Arroz e feijão cozidos: seguros por 3 a 4 dias em potes bem vedados.
- Carnes cruas (bovina, suína, frango): devem ser consumidas em até 48 horas após o descongelamento.
- Peixes frescos: o ideal é consumir no mesmo dia, mas podem ficar por até 24 horas na geladeira, bem embalados.
- Carnes cozidas ou assadas: mantêm-se seguras por até 3 dias.
- Bolos simples: duram de 5 a 7 dias; bolos com cobertura perecível (como chantilly ou frutas frescas) devem ser consumidos em até 3 dias.
A nutricionista Thaís Fernandes, consultora em alimentação segura pela UFRJ, faz um alerta: “Alimentos perecíveis nunca devem ser deixados fora da geladeira por mais de duas horas. Em dias muito quentes, o tempo de segurança pode cair para apenas 60 minutos.”
E fora da geladeira? Quando o alimento passa a ser um risco?
O tempo que um alimento pode permanecer fora da refrigeração depende da sua composição, do tipo de preparo e da temperatura ambiente. De modo geral, qualquer prato que leve ovos, leite, carne ou peixe deve ser refrigerado rapidamente após o preparo. Uma lasanha, um bolo com recheio ou uma marmita esquecida fora da geladeira à noite já pode ser um foco de bactérias pela manhã.
Mesmo alimentos secos, como pães ou tortas salgadas, não estão totalmente livres de riscos, especialmente se levarem recheios ou forem mantidos em embalagens mal fechadas.
A dica dos especialistas é clara: se tiver dúvida, descarte. O risco de uma intoxicação alimentar não compensa.
Quando a comida dá problema: sintomas e riscos à saúde
Consumir alimentos fora do prazo de segurança pode resultar em doenças transmitidas por alimentos (DTAs). Os sintomas geralmente surgem em poucas horas e incluem náuseas, vômitos, febre, diarreia e dores abdominais. Casos mais graves podem levar à desidratação intensa, internações e até quadros fatais — principalmente em crianças, idosos e imunossuprimidos.
Além do mal-estar, alimentos estragados causam contaminação cruzada dentro da geladeira. Um simples frango mal embalado pode liberar líquidos que contaminam vegetais próximos. Mofo em frutas pode liberar esporos e se espalhar pelas prateleiras. O resultado é o descarte de alimentos bons, por precaução — ou, pior, o consumo de algo já contaminado.
Como organizar a geladeira do jeito certo para evitar desperdícios
Mais do que saber os prazos, é fundamental manter a geladeira limpa, organizada e com circulação de ar adequada. Alimentos que estragam facilmente devem estar em locais visíveis, para que sejam consumidos antes.
Segundo a especialista Juliane Lopes, o ideal é organizar os itens da seguinte forma:
- Parte superior: sobras de alimentos, frios e iogurtes.
- Prateleira central: ovos, bebidas abertas e marmitas prontas.
- Parte inferior: carnes cruas, alimentos em descongelamento (sempre bem vedados para evitar vazamentos).
- Gavetas: frutas, verduras e legumes frescos.
- Porta: água, molhos, condimentos, e produtos mais estáveis.
Também vale transferir alimentos abertos para potes com tampa e rotular com a data de preparo. Assim, é mais fácil controlar o prazo de validade e evitar o consumo de algo que já passou do tempo.
Geladeira cheia demais é problema?
Sim. Geladeiras muito cheias dificultam a circulação do ar frio, criando pontos quentes em que a temperatura pode subir perigosamente. Isso acelera a deterioração dos alimentos e reduz a eficiência do equipamento.
A nutricionista Thaís Fernandes recomenda verificar o termostato com frequência e evitar sobrecargas. “Além de manter os alimentos em temperatura ideal, isso reduz o consumo de energia e aumenta a vida útil do eletrodoméstico”, reforça.
Comida congelada também tem prazo
Mesmo no congelador, os alimentos não duram para sempre. Pratos prontos congelados devem ser consumidos em até 3 meses. Carnes e peixes crus congelados podem durar mais — até 6 meses — mas sempre devem ser mantidos bem embalados e identificados com a data de congelamento.
Após o descongelamento, o alimento não pode ser recongelado. Ele deve ser consumido em até 48 horas e guardado em refrigeração nesse intervalo.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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