À medida que os dias se tornam mais floridos e as janelas permanecem abertas por mais tempo, a primavera entra em cena trazendo cores, aromas — e, para muitos, os temidos sintomas alérgicos. Espirros, coceira no nariz, olhos irritados e a sensação de que a casa está menos acolhedora são sinais clássicos de que o ambiente pode estar contribuindo para as crises respiratórias típicas da estação.
Com o aumento da circulação de ar e a maior presença de pólen e poeira no ambiente externo, a higienização interna da casa torna-se ainda mais relevante. Cortinas, tapetes, colchões e estofados, que por vezes passam despercebidos na rotina, acumulam alérgenos silenciosos e exigem atenção redobrada — especialmente se o objetivo for manter o conforto sem abrir mão da saúde.
A casa como refúgio ou armadilha?
Ao contrário do que muitos pensam, o lar pode ser tanto um escudo quanto um campo minado para quem sofre de alergias. “A casa precisa ser um espaço seguro, mas isso só acontece quando há uma rotina de limpeza que vai além da superfície”, afirma a bióloga e especialista em limpeza doméstica saudável, Simone Senra, fundadora do Instituto Limpeza Consciente. Segundo ela, a primavera é o momento ideal para revisar os hábitos domésticos e investir em práticas que realmente afastem os alérgenos.

Entre os vilões mais comuns estão os tecidos que acumulam poeira e umidade, como tapetes, cortinas e roupas de cama. Se negligenciados, esses itens se tornam depósitos perfeitos para ácaros, fungos e pólen — elementos que disparam crises de rinite, sinusite, asma e até dermatites alérgicas.
Tapetes e cortinas: beleza que exige cuidado
Não é à toa que os têxteis são sempre apontados como foco de atenção nas épocas mais críticas. Apesar de serem peças-chave na ambientação dos espaços, funcionando como elementos que aquecem visualmente os ambientes, eles também atuam como filtros naturais do ar — só que, diferentemente dos equipamentos eletrônicos, precisam de higienização constante para continuarem eficazes.
“É muito comum recebermos clientes com agravamento de sintomas alérgicos e percebermos que o problema está nos tapetes ou nas cortinas que não são lavados há meses, ou até anos”, destaca Birgit Marsili, proprietária da Lavoutique Lavanderia & Costura, em Curitiba. Ela recomenda que a limpeza desses itens seja feita, preferencialmente, de forma profissional a cada mudança de estação ou, no máximo, a cada seis meses.

Segundo a especialista, as lavagens realizadas em casa — com aspiradores comuns ou produtos domésticos — não são capazes de eliminar os micro-organismos com profundidade. “Muitas vezes, o contato com água e produtos inadequados apenas umidifica o tecido e cria um ambiente ainda mais propício para a proliferação de fungos”, alerta.
Roupas de cama e estofados também merecem atenção
Se os tecidos que fazem parte da decoração precisam de uma limpeza criteriosa, o mesmo vale para lençóis, fronhas e colchas. O ideal, segundo Simone Senra, é que esses itens sejam trocados semanalmente, lavados com sabão neutro e, sempre que possível, expostos ao sol — um aliado natural contra ácaros e bactérias.
Os estofados, por sua vez, devem ser aspirados com frequência, de preferência com aspiradores equipados com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air), que retém até 99,9% das partículas inaláveis. “É esse tipo de tecnologia que impede que a poeira sugada retorne ao ambiente em forma de ar contaminado”, explica Simone.
Umidade, ventilação e prevenção silenciosa
Ambientes úmidos também merecem um olhar atento durante a primavera. Embora o clima seja mais seco em algumas regiões, cidades como Curitiba costumam alternar dias quentes e úmidos com períodos chuvosos, criando as condições ideais para o mofo. Nesses casos, o uso de desumidificadores ou soluções naturais — como potes com bicarbonato ou carvão ativado — ajuda a controlar a umidade relativa do ar, mantendo-a entre 40% e 50%.

Outra recomendação essencial é a ventilação cruzada, que promove a renovação do ar e evita o acúmulo de partículas suspensas. Abrir janelas em horários de menor circulação de pólen, como no início da manhã ou à noite, pode reduzir significativamente o impacto dos alérgenos no interior da casa.
Limpeza sem levantar poeira
Na hora da faxina, é importante optar por métodos que não elevem a poeira ao ar. Pano úmido no lugar da vassoura seca, aspirador no lugar de espanador, e produtos de limpeza suaves — preferencialmente sem fragrâncias ou componentes voláteis — são alternativas eficazes e seguras para quem tem sensibilidade respiratória.
Evite também o excesso de perfumes de ambiente, velas aromáticas e difusores com essências artificiais. “Apesar de darem uma sensação de frescor, esses produtos geralmente contêm substâncias químicas irritantes para o trato respiratório”, reforça Simone Senra.
Prevenção é um hábito, não um evento
Adotar práticas preventivas na limpeza da casa durante a primavera é mais do que uma ação pontual: trata-se de criar uma rotina consciente de cuidado com a saúde e o bem-estar. É possível manter a casa limpa, bonita e ainda assim reduzir significativamente os riscos das temidas crises alérgicas que marcam a estação.
“Prevenir é sempre mais barato, mais simples e menos desgastante do que tratar uma crise”, conclui Birgit Marsili. Com atitudes simples, atenção aos detalhes e o auxílio de profissionais especializados quando necessário, sua casa pode continuar sendo aquele lugar onde respirar — literalmente — é um alívio.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
E-mail: [email protected]