Entre o verde da mata nativa e o azul profundo do litoral sul da Bahia, uma casa nasce em Trancoso como expressão pura da harmonia entre arquitetura, natureza e cultura local. Construída do zero para acolher uma família numerosa e seus convidados, a residência de 1.144 m² se ergue com leveza sobre um terreno generoso de mais de 4 mil m², respeitando cada curva da geografia, cada sombra das árvores, cada sopro de brisa que sopra do mar.
A proposta do projeto, desde o início, foi clara: criar um refúgio onde o convívio e o silêncio coexistem com naturalidade, sem excessos, mas com sofisticação sensorial. Os espaços — divididos em módulos independentes, interligados por pátios, decks e jardins — foram pensados para privilegiar a conexão com o entorno, o uso de materiais regionais e a valorização do paisagismo como elemento estruturante da experiência.
Arquitetura rústica com alma contemporânea
Com telhado de telha cerâmica no estilo colonial, estruturas de pau roliço de eucalipto, forros em palha de dendê tramada à mão, pisos de cimento queimado branco e revestimentos de pedra madeira, a casa traduz a alma do sul da Bahia — rústica, quente, generosa — sob uma ótica atual e sutil.

Para a arquiteta Isabela Noronha, especialista em projetos tropicais e autora de obras em Caraíva e Itacaré, “o maior desafio da arquitetura praiana é equilibrar a rusticidade e o frescor. Em Trancoso, essa missão exige respeito à cultura local, aos saberes construtivos tradicionais e à luminosidade que transforma a casa ao longo do dia”.
Os interiores seguem essa lógica fluida: base clara, texturas naturais e peças de acervo pessoal formam um conjunto que não grita — sussurra conforto. A casa não exibe luxo ostentatório, mas sim um luxo sensível, que se manifesta nos detalhes artesanais, na amplitude dos espaços e na brisa que atravessa cada cômodo.
Integração visual e sensorial com a paisagem
A implantação da casa valoriza as perspectivas do terreno: a piscina em formato de U, revestida com pedra hijau, funde-se à paisagem, refletindo o céu e o mar de forma quase camaleônica. De um lado, uma hidromassagem convida ao descanso contemplativo. Do outro, uma prainha rasa é perfeita para momentos de leveza em família. O entorno é composto por deques de madeira cumaru, vegetação nativa e uma cerca viva natural formada por filodendros e helicônias, que reforça a sensação de imersão na natureza.
A árvore preservada no centro do terreno é um símbolo silencioso da filosofia do projeto. Em vez de ser removida, ela foi incorporada como elemento central de um pátio emoldurado por uma rosa dos ventos em pedra. A cena ganha valor poético — e funcional — ao criar um eixo que orienta a circulação e reforça o vínculo com o tempo, o clima e o lugar.

Para o paisagista Carlos Solano, estudioso da vegetação litorânea brasileira, “o projeto paisagístico bem-sucedido é aquele que não se sobrepõe ao local, mas o escuta. As espécies escolhidas devem dialogar com a rusticidade da casa e com a salinidade do ar. É uma dança entre beleza e resiliência”.
Privacidade e hospitalidade em sintonia
Os cinco módulos que compõem a residência foram organizados com uma lógica que prioriza autonomia e intimidade. Duas alas concentram as suítes, garantindo silêncio e ventilação cruzada. Uma terceira abriga a equipe de apoio. O núcleo social — living, sala de jantar e espaço gourmet — fica totalmente voltado para a piscina e o mar, favorecendo o encontro e a permanência ao ar livre. O home office, isolado entre o verde, permite foco sem romper com o clima de descanso.

As transições entre os ambientes são marcadas por elementos de madeira, cerâmica e fibras naturais. Portas deslizantes com brises móveis, executadas por artesãos locais, permitem que a luz entre suavemente, filtrada pelas folhas do jardim. Vasos de cerâmica rústica, móveis de madeira maciça e peças de design brasileiro completam o cenário.
Leveza, poesia e pertencimento
A casa se revela aos poucos. Nada é exposto de imediato. A circulação serpenteia por caminhos com forrações de grama-amendoim, decks de madeira e passagens cobertas por treliças que fazem sombra e deixam o vento circular. Em cada esquina, uma surpresa: uma escultura de bronze, um tronco usado como banco, uma árvore moldando o espaço. Assim, o projeto ganha ritmo, como um passeio intuitivo por uma memória ancestral da Bahia.

Na área íntima, quartos com painéis de madeira, brises e vistas generosas para o mar oferecem a sensação de estar ao ar livre — mesmo com total privacidade. Banheiros amplos, com bancadas de cimento queimado, nichos esculpidos, iluminação pontual e jardins internos com ráfias reforçam o vínculo com os elementos naturais

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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