Desde a pandemia, o lar passou a ocupar um espaço simbólico e econômico inédito na vida dos brasileiros. Com o confinamento, vieram as reformas, os upgrades e, junto com eles, a explosão do e‑commerce de casa e decoração. O que antes era um setor dominado por grandes lojas físicas e centros de decoração, agora ganha cada vez mais protagonismo no ambiente digital — e os números não deixam dúvidas.
Segundo levantamento da All iN/Social Miner em parceria com a Opinion Box, mais de 68% dos brasileiros já compraram produtos de decoração pela internet. Em 2024, o setor de casa e construção representou 12,7% de todo o faturamento do e-commerce brasileiro, segundo dados da Neotrust. Isso coloca o nicho como o segundo mais lucrativo do comércio eletrônico nacional, atrás apenas de eletrodomésticos.
A ascensão digital do setor de casa e decoração
Com a digitalização acelerada do varejo, marcas tradicionais e novos players entenderam que precisavam estar onde o consumidor está: no smartphone. O movimento não foi apenas uma resposta à pandemia, mas à mudança de hábitos mais duradoura.
Hoje, consumidores querem mais do que funcionalidade — eles buscam experiências estéticas e sensoriais mesmo em compras online. Fotos inspiradoras, realidade aumentada para simular móveis nos ambientes, vídeos explicativos e navegação fluida tornaram-se parte essencial da jornada de compra.
A arquiteta e consultora de interiores Patrícia Kolanian, fundadora da PKB Arquitetura, explica: “O cliente aprendeu a confiar nas imagens e especificações técnicas. Com bons fornecedores e marcas bem posicionadas, é possível transformar ambientes inteiros comprando tudo online, sem sair de casa.”
Além disso, o social commerce — compras a partir de redes sociais — tem ampliado ainda mais o alcance desse segmento. Plataformas como Instagram, Pinterest e TikTok são vitrines vivas onde o desejo por uma casa mais bonita encontra o clique que finaliza a venda.
Tendências que impulsionam o consumo no setor
A popularização de termos como “decoração afetiva”, “estilo escandinavo”, “minimalismo natural” e o eterno interesse pelo estilo rústico moderno reforçam a busca por produtos que traduzam personalidade e bem-estar.
Dados do Google Trends apontam que buscas por “tapetes boho”, “cadeira de design”, “cama estofada” e “vasos de cimento para sala” seguem em alta nos últimos 24 meses. Ao mesmo tempo, cresce o interesse por marcas sustentáveis, com curadoria estética e storytelling bem estruturado.
Para a estrategista digital Beatriz Alves, especialista em comportamento de consumo e consultora para marcas de decoração. “Hoje, a narrativa por trás de um produto pesa quase tanto quanto o produto em si. Se a peça tem design exclusivo, se foi feita de forma artesanal ou se traz elementos sustentáveis, isso agrega valor real à experiência de compra.”
Os desafios de vender decoração online
Apesar do crescimento, o setor ainda enfrenta obstáculos. O primeiro deles é logístico: itens como móveis ou objetos frágeis (vasos, espelhos, luminárias) exigem um sistema de transporte robusto e seguro. Fretes caros ou mal calculados comprometem a conversão de vendas e podem afastar consumidores.
Outro ponto é a fragmentação do mercado. Enquanto gigantes como Tok&Stok, Westwing e MadeiraMadeira consolidam suas presenças digitais, pequenos estúdios, marceneiros e artesãos disputam atenção em marketplaces ou redes sociais — muitas vezes sem estrutura para competir em escala.
Além disso, o consumidor tornou-se mais exigente. Ele compara, pesquisa e exige provas visuais do que está comprando. Vídeos de unboxing, avaliações com fotos reais e simulações em 3D passaram a ser fatores decisivos na hora de fechar o pedido.
Oportunidades para marcas e criadores
Para quem deseja ingressar ou expandir no mercado de decoração online, o caminho exige estratégia, curadoria e comunicação. As marcas que mais crescem hoje são aquelas que constroem comunidades em torno do seu estilo de vida, mais do que apenas vender produtos.
A integração entre design de interiores, tecnologia, redes sociais e e-commerce tem gerado novos modelos de negócio. Arquitetos lançam linhas próprias de objetos decorativos; influenciadores criam coleções cápsula com lojas; marketplaces nichados ganham espaço entre consumidores exigentes.
Outro ponto relevante é o foco em experiência personalizada. Ferramentas de realidade aumentada, quiz de estilos decorativos, simulações de ambientes e vídeos com sugestões de uso ajudam o cliente a imaginar o produto em seu espaço, o que aumenta consideravelmente as chances de conversão.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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