Resumo
- Em 2025, o custo médio da decoração de interiores no Brasil subiu cerca de 22%, impactando móveis, iluminação e serviços de design.
- Um sofá básico custa entre R$ 2.800 e R$ 3.600, enquanto uma consultoria de design varia de R$ 700 a R$ 1.500.
- Consumidores priorizam peças duráveis e multifuncionais, adotando um consumo mais consciente e sustentável.
- Especialistas destacam que o foco agora é investir em itens essenciais e versáteis, sem abrir mão do estilo.
- Mesmo com a alta dos preços, a decoração segue como prioridade, vista como forma de expressar identidade e conforto.
Reformar ou redecorar a casa sempre foi um desejo associado à ideia de conforto, renovação e bem-estar. Mas em 2025, o que antes era uma escolha por estilo também virou um exercício de cálculo. Com a alta no custo de vida, as flutuações cambiais e a pressão sobre a cadeia produtiva, o setor de decoração de interiores também sentiu os reflexos — e isso tem afetado desde a escolha de um simples tapete até os projetos assinados por arquitetos renomados.
Para entender o cenário atual, fizemos um levantamento inédito com os preços médios de itens essenciais na decoração e conversamos com dois especialistas que analisam as transformações do mercado e apontam saídas inteligentes para manter o estilo sem extrapolar o orçamento.
Cesta básica da decoração: quanto custa transformar um ambiente hoje
Em um apanhado nacional feito com base nos principais marketplaces e lojas especializadas em móveis e design, como Tok&Stok, Mobly, Etna e Mercado Livre, além de comparativos regionais no Sul, Sudeste e Nordeste, os preços médios em 2025 ficaram assim:
- Sofá básico 3 lugares (tecido linho ou suede): R$ 2.800 a R$ 3.600
- Tapete de sala 2,00 x 2,50 m (pelúcia ou fibra sintética): R$ 550 a R$ 1.100
- Conjunto de mesa posta para 4 lugares (louças, talheres, sousplats e copos): R$ 480 a R$ 850
- Luminárias básicas (1 pendente, 1 abajur, 1 arandela): R$ 650 a R$ 1.400
- Consultoria básica de design de interiores (ambiente único): R$ 700 a R$ 1.500
Se comparados a valores de 2023, por exemplo, a variação acumulada chega a 22% de aumento médio, sendo os maiores reajustes nos itens de iluminação e tecidos estofados, segundo dados da Associação Brasileira de Design de Interiores (ABD).
O impacto no comportamento dos consumidores
De acordo com a designer Camilla Bellini, especialista em design contemporâneo, a busca por soluções mais acessíveis cresceu de forma visível nos últimos meses. “Há uma tendência clara de valorização do essencial, com menos ênfase em tendências passageiras e mais foco em elementos duradouros, versáteis e funcionais”, analisa.

Ela aponta que o consumidor está mais estratégico: prefere investir em uma peça-chave — como um bom sofá ou uma estante sob medida — e completar a decoração aos poucos, com itens de menor impacto financeiro, como plantas ornamentais, almofadas e quadros artesanais.
Além disso, o uso de materiais reciclados, fibras naturais e móveis multifuncionais se intensificou. “Mais do que uma questão de custo, essa escolha reflete uma consciência ambiental e estética que veio para ficar”, reforça.
Como o mercado se adaptou à nova realidade
Com o aumento de preços e mudanças no perfil de consumo, o setor precisou se reinventar. O arquiteto e consultor de tendências Henrique Monteiro, que atua em projetos residenciais e corporativos no eixo São Paulo–Rio, observa que muitas marcas estão oferecendo linhas compactas, kits modulares e coleções sob demanda para atender à nova lógica do consumo consciente.
“Hoje, o cliente não quer apenas beleza, quer versatilidade, durabilidade e coerência com o estilo de vida. O valor agregado precisa ser visível”, afirma.
Henrique destaca ainda que a valorização dos serviços de consultoria remota democratizou o acesso ao design, permitindo que mais pessoas pudessem planejar seus ambientes com apoio técnico, mesmo com orçamento apertado. “Você pode hoje contratar um projeto online por menos de mil reais, com renderizações em 3D e curadoria personalizada. Isso era impensável há poucos anos”, diz.
A decoração em 2025: mais sobre intenção do que ostentação
Ao contrário do que se imagina, o encarecimento da decoração não afastou os brasileiros do desejo de transformar seus lares. Pelo contrário: a casa continua sendo prioridade. O que mudou foi a forma de consumir. Comprar menos, mas melhor. Investir em peças com história, que representem afeto, identidade e propósito.
Nesse novo contexto, a decoração passou a ser um gesto mais reflexivo do que impulsivo. E o custo, embora mais alto, deixou de ser um impeditivo quando se entende que estilo também se constrói com escolhas simples, coerentes e afetivas.