Construir uma casa, reformar um apartamento ou erguer um empreendimento do zero nunca exigiu tanto jogo de cintura quanto em 2025. O custo de construção por metro quadrado no Brasil tem registrado aumentos acima da média da inflação geral, impactado não apenas pelo preço de materiais de construção, mas também por mudanças no cenário econômico, escassez de mão de obra qualificada e disparidades regionais.
Segundo os dados mais recentes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI), o valor médio nacional do metro quadrado ultrapassou os R$ 1.750,00 em janeiro de 2025, com tendência de elevação ao longo do ano. Mas esse número é apenas um ponto de partida — em determinadas regiões e dependendo do padrão da obra, o valor pode variar significativamente.
Materiais em alta: do concreto às tintas, tudo pesa no orçamento
Entre os principais vilões na escalada de preços está a alta dos insumos básicos, como cimento, aço, cerâmica, tintas e tubos de PVC. Esses materiais foram diretamente afetados pela desvalorização cambial, custos logísticos elevados e, em alguns casos, pelo aumento da demanda global.
“A cadeia de suprimentos da construção civil ainda sofre reflexos do descompasso entre oferta e demanda desde a pandemia. Em 2025, o que vemos é a consolidação de novos patamares de custo, especialmente para materiais industrializados”, explica o engenheiro civil Daniel Amorim, consultor técnico do Instituto Brasileiro de Construção Sustentável (IBCS).
Além disso, a procura por soluções mais sustentáveis e eficientes — como tintas antimofo, blocos térmicos e sistemas de vedação acústica — tem impulsionado o uso de materiais mais sofisticados, que naturalmente encarecem o metro quadrado final.
Mão de obra qualificada também pressiona os custos
Se os materiais estão mais caros, a mão de obra especializada também se tornou mais escassa — e mais valorizada. Pedreiros, eletricistas, encanadores e profissionais de acabamento têm registrado aumento de até 18% nos salários em algumas capitais, conforme levantamento recente do Custo Unitário Básico (CUB/m²), indicador calculado pelos Sindicatos da Indústria da Construção.

A arquiteta Lorena Dourado, do escritório Dourado & Associados, destaca que o mercado está mais exigente: “Com clientes mais atentos à qualidade do acabamento, os profissionais mais experientes são disputados. Isso impacta diretamente o orçamento das obras, especialmente aquelas de médio e alto padrão”.
Essa valorização é reflexo também de uma mudança cultural: obras improvisadas e profissionais generalistas têm perdido espaço para equipes multidisciplinares, focadas na entrega técnica e estética de alto nível.
Diferenças regionais influenciam (e muito) o valor final
Outro fator determinante para o custo da construção por metro quadrado em 2025 são as diferenças regionais. Enquanto estados do Norte e Nordeste apresentam custos menores por conta de salários mais baixos e disponibilidade de materiais locais, regiões como Sudeste e Sul têm valores mais elevados devido ao alto custo logístico e maior densidade urbana.
Em São Paulo, por exemplo, o metro quadrado para obras residenciais padrão médio já supera os R$ 2.300,00, segundo estimativas da AELO (Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano). Já em cidades do interior do Nordeste, é possível construir com valores próximos a R$ 1.300,00, dependendo do tipo de projeto e técnicas construtivas utilizadas.
Além disso, municípios com legislações urbanísticas mais complexas, exigências técnicas específicas e maior escassez de mão de obra tendem a registrar valores mais elevados.
A sofisticação dos acabamentos influencia cada centavo
O padrão de acabamento, que antes era visto como etapa final da obra, hoje se tornou um dos principais fatores de diferenciação de custo. Pisos com paginação elaborada, revestimentos 3D, louças de design e soluções tecnológicas como automação residencial aumentam significativamente o preço final do m² construído.
Para quem deseja controlar os gastos sem abrir mão da estética e da qualidade, a solução está em equilibrar o projeto desde o início. “O segredo é alinhar expectativas e orçamento ainda na fase de concepção do projeto. Um bom projeto executivo reduz erros, evita desperdícios e otimiza a escolha de materiais”, reforça Lorena.
O impacto da sustentabilidade no custo da obra
Soluções sustentáveis como telhados verdes, painéis solares, reuso de água e sistemas de climatização passiva também passaram a ser mais comuns nos projetos residenciais e corporativos — o que influencia o custo inicial, mas pode gerar economia significativa no longo prazo.
Daniel Amorim alerta que nem sempre o custo mais alto inicial representa uma desvantagem: “Quando falamos em obras sustentáveis, é preciso considerar o ciclo completo. O investimento maior no metro quadrado pode ser amortizado em poucos anos com a redução de contas de energia e água”.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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