Um bom revestimento não depende apenas da escolha de porcelanatos, cerâmicas ou laminados. Na verdade, tudo começa antes — e o protagonista é o contrapiso nivelado, responsável por dar suporte, estabilidade e garantir que o acabamento final seja seguro, bonito e duradouro. Em obras novas ou reformas, entender como fazer contrapiso corretamente é o que determina o sucesso de todo o sistema de pisos.
Feito geralmente com argamassa de cimento, areia e água, o contrapiso atua como uma camada intermediária entre a estrutura (laje ou terra compactada) e o revestimento. Mas sua execução exige mais do que misturar os materiais: é necessário planejamento, técnica e atenção ao nivelamento. “Um contrapiso bem feito evita trincas no revestimento, quebras futuras e garante maior durabilidade ao acabamento”, afirma o engenheiro civil Felipe Tavares, especialista em obras residenciais.
Por que o nivelamento é tão importante?
Ao observar um ambiente visualmente plano, muitos não imaginam que o piso pode esconder pequenas inclinações ou desníveis milimétricos. O problema é que essas diferenças, ainda que imperceptíveis a olho nu, podem comprometer a aplicação de pisos vinílicos, porcelanatos grandes e até madeiras engenheiradas. Um contrapiso nivelado garante uniformidade, melhor aderência da argamassa colante e evita deslocamentos do revestimento ao longo do tempo.
Segundo o pedreiro profissional Rogério Batista, com mais de 20 anos de experiência em obras residenciais e comerciais, o nivelamento exige precisão desde a primeira etapa. “A régua, o nível de bolha ou laser, as taliscas de referência e o uso correto da desempenadeira fazem toda a diferença. O erro mais comum é confiar no ‘olhômetro’ ou não respeitar o caimento mínimo, principalmente em áreas molhadas como banheiros e lavanderias”, destaca.
Etapas fundamentais para um contrapiso perfeito
O preparo da superfície começa com a limpeza completa da base, seja ela uma laje ou solo compactado. É necessário retirar resíduos, poeira, graxa ou qualquer outro elemento que comprometa a aderência. Em seguida, aplica-se uma camada de chapisco ou uma ponte de aderência, dependendo do tipo de base.
A mistura do traço (cimento e areia) deve seguir a proporção correta, geralmente 1:4 ou 1:3, dependendo da resistência desejada. A água é adicionada aos poucos até atingir o ponto certo, nem muito seca (que racha ao secar), nem muito mole (que pode esfarelar e deformar). “A consistência ideal é aquela que permite o espalhamento sem escorrer, mantendo a firmeza no alisamento”, pontua o engenheiro Felipe.

Durante a aplicação, o uso de guias e taliscas ajuda a delimitar alturas e garantir o prumo da superfície. O pedreiro Rogério recomenda fazer trechos menores para evitar que a massa resseque. “Quando a área é muito grande, o ideal é dividir em faixas de até dois metros, espalhar e sarrafear uma por uma. Isso dá tempo de trabalhar o acabamento com calma e evitar ondulações”, explica.
Tempo de cura e cuidados pós-execução
Após a aplicação do contrapiso, é fundamental respeitar o tempo de cura, que pode variar entre 5 e 7 dias para pisar, e até 28 dias para o revestimento definitivo. Durante esse período, a umidade da argamassa deve ser preservada para que o processo de hidratação do cimento ocorra corretamente. “Em climas secos, indico cobrir o contrapiso com lona plástica ou realizar uma leve irrigação diária. Isso evita trincas causadas por ressecamento precoce”, orienta Felipe Tavares.
Outro cuidado importante é proteger o contrapiso de impactos, poeira e sujeiras enquanto a cura acontece. Andar com botas pesadas, arrastar objetos ou realizar serviços sobre a base antes do tempo pode comprometer o nivelamento e até gerar fissuras internas que só aparecerão depois da colocação do piso.
Um bom contrapiso valoriza todo o projeto
Muito além de uma etapa técnica, saber como fazer contrapiso corretamente é garantir o sucesso estético e estrutural do ambiente. O contrapiso nivelado é a espinha dorsal de qualquer revestimento durável, alinhado e visualmente impecável. E mesmo em projetos de alto padrão, o segredo do piso perfeito está nos detalhes invisíveis que sustentam tudo.
A base bem feita valoriza o investimento em pisos caros, evita retrabalhos e entrega conforto ao toque e ao caminhar. Como conclui o pedreiro Rogério: “Pode ser a parte que ninguém vê, mas se estiver malfeita, é a primeira que faz tudo desandar”.

Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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