A sala de estar é, para muitos, o coração da casa. Geralmente, é nesse espaço que a família se reúne, que os convidados são recebidos e onde os moradores relaxam no dia a dia. Por isso, sua configuração vai muito além da simples disposição de móveis: envolve escolhas de layout, iluminação, materiais, texturas, cores e elementos de design que expressam o estilo de vida de quem ali mora.
Mas como esse conjunto é elaborado na arquitetura de interiores? Para responder essa questão, nada melhor que acompanhar alguns dos resultados alcançados pelo arquiteto Raphael Wittmann, à frente do escritório Rawi Arquitetura + Design.
O layout como ponto de partida

Segundo o profissional, a configuração da sala começa pela análise do espaço disponível, considerando a lista de móveis que irão compor o ambiente. Para Raphael, na sala de estar não podem faltar:
- Sofá: define a área de convivência e precisa oferecer conforto para o uso cotidiano. Pode ser em L, reto, ilha, com chaise ou até modular, dependendo da proposta e das características do espaço;
- Poltronas ou cadeiras de apoio: proporcionam assentos extras, como um canto de leitura ou descanso para compor com o sofá ou para receber convidados;
- Mesa de centro: além de seu design ajuda na decoração como suporte para objetos, livros, bebidas e alimentos;
- Rack, painel, estante, prateleira ou aparador: organizam livros, eletroeletrônicos, plantas e demais objetos decorativos;
- Tapete: delimita a área de estar, pode trazer cor e oferecer aconchego visual e acústico;
- Mesas de apoio e laterais: úteis para apoiar luminárias, livros ou uma bebida, como uma xícara de café ao lado do sofá.

O arquiteto enfatiza que a sintonia nesse conjunto deve respeitar proporção e escala. Um sofá demasiadamente grande em uma sala compacta gera sensação de aperto, enquanto móveis pequenos demais em áreas amplas denotam a percepção de vazio. “Sem esse ‘caminho do meio’, a harmonia e o acolhimento se perdem”, avalia.

O profissional também chama atenção para o formato dos ambientes: salas quadradas permitem layouts simétricos, enquanto as retangulares pedem soluções lineares.
Já em áreas compactas, um sofá reto, acompanhado de poltronas soltas pode resolver o conforto sem sacrificar a circulação. “Não adianta apenas pensar na estética, a configuração precisa respeitar a rotina dos moradores para ser, de fato, funcional”, completa.

Iluminação que valoriza
É claro que a iluminação natural é sempre bem-vinda para um estar, mas apostar em uma combinação com fontes de luz artificiais garante versatilidade ao espaço. Para Raphael, é possível combinar um plafon central que distribui a luz de forma uniforme, enquanto luminárias de piso ou abajures inserem luz para momentos de descanso.

Ele ainda destaca que a luminotécnica deve dialogar com o décor. “A luz precisa contar uma história junto com os móveis e revestimentos. Uma iluminação bem projetada transforma completamente a percepção do ambiente”. Ele também recomenda as luzes indiretas: “aquela iluminação no teto cheio de spots já está ultrapassada, invista nas luzes indiretas, como abajures, pendentes e arandelas para criar um espaço mais acolhedor e confortável”.
Integração com outros espaços
A amplitude gerada pela integração de ambientes é muito valorizada hoje em dia. A conexão da sala de estar com outros ambientes, como sala de tv, varanda, cozinha e até gourmet e quintal, valorizam o espaço de convivência devido à sensação de leveza e continuidade.

Em projetos contemporâneos, a ligação direta com a varanda é um recurso bastante valorizado. Painéis de vidro, por exemplo, permitem que a luz natural adentre a sala, além de trazer maior conexão entre o exterior e o interior, valorizando a vista e o paisagismo.
Em geral, Raphael pontua que tons neutros como bege, cinza e off-white, sempre funcionam como bases leves, enquanto cores intensas podem aparecer em pontos estratégicos como almofadas ou quadros.
O arquiteto sugere ainda a valorização de texturas presentes na madeira, linho, couro e veludo como estratégias para entregar camadas visuais e táteis. “O uso inteligente delas é o que dá alma à sala de estar. Muitas vezes, uma composição simples, mas bem escolhida, transmite mais que uma decoração carregada de informações”, pondera.
Pontos focais criativos
Embora, muitas vezes, a TV esteja presente na sala de estar, ela não necessariamente precisa ser o ponto de atenção. O incremento de uma lareira, uma adega ou um canto de leitura são possibilidades complementares aos projetos.

Entretanto, a decoração e os livros é o que conecta a sala à vida de quem mora ali. Quadros, fotografias, esculturas e lembranças de viagens transformam o espaço em narrativas de vidas. Além disso, a presença de plantas favorece o frescor, a vitalidade e ajudam na qualidade do ar.