Resumo
- A Casa Cavanelas, projetada por Oscar Niemeyer com paisagismo de Burle Marx, será sede do Instituto Burle Marx e abrirá ao público em 2028, em Petrópolis (RJ).
- O projeto preserva a arquitetura modernista original da década de 1950, incluindo o telhado curvo metálico, paredes de vidro e jardins geométricos integrados à natureza.
- A nova sede terá auditório, biblioteca, café, loja, residência artística e espaço expositivo, ampliando o acesso ao acervo de mais de 150 mil itens do Instituto.
- As obras são assinadas pelo arquiteto Thiago Bernardes e seguem fielmente o traçado e o espírito do projeto original, com respeito ao entorno natural.
- O instituto busca democratizar o legado de Burle Marx, promovendo cultura, pesquisa e educação com foco em paisagismo, arte e qualidade de vida nas cidades.
A Casa Cavanelas, projetada por Oscar Niemeyer em 1954 com paisagismo assinado por Roberto Burle Marx, está sendo restaurada e ampliada para receber a nova sede do Instituto Burle Marx, com abertura prevista para 2028. Mais do que um resgate arquitetônico, o projeto representa uma homenagem viva ao modernismo e ao vínculo entre arte, paisagem e arquitetura no Brasil.
Projetada originalmente para o engenheiro Edmundo Cavanelas, a casa é um exemplar raro da arquitetura residencial modernista brasileira em meio à vegetação exuberante da Mata Atlântica. Com telhado curvo em estrutura metálica sobre colunas de pedra e laterais inteiramente envidraçadas, a residência promove o diálogo fluido entre interior e exterior — um princípio essencial nas obras de Niemeyer.
A piscina, instalada em um jardim geométrico que lembra um tabuleiro de xadrez, compõe com delicadeza o conjunto paisagístico de Burle Marx, que se estende por mais de 200 mil metros quadrados de área verde nativa preservada.
Do patrimônio à preservação do legado
Atualmente sob responsabilidade do Instituto Burle Marx, a propriedade passa por um cuidadoso processo de restauração e requalificação. O instituto, fundado em 2019, detém hoje um dos maiores acervos dedicados ao paisagismo moderno: são mais de 150 mil itens entre desenhos, croquis, projetos, fotografias, cartas e documentos produzidos ao longo de sete décadas de atuação do Escritório de Paisagismo Burle Marx.

Segundo a arquiteta paisagista e diretora executiva do Instituto, Isabela Ono, parte do acervo já está sendo digitalizada — cerca de 10% — e a nova sede permitirá ampliar o acesso a esse material:
“Estamos muito empenhados em manter este acervo no Brasil, acessível ao público, democratizando e ampliando estes conceitos e inspirando projetos e iniciativas de bem-viver nas cidades”, explica.
Um centro para cultura, memória e educação
A Casa Cavanelas não será apenas espaço expositivo. O projeto prevê a criação de um auditório, biblioteca especializada, loja, café, ateliê e residência artística. As novas construções já iniciadas — como a moradia dos funcionários e a galeria — foram projetadas pelo escritório de Thiago Bernardes, herdeiro do legado arquitetônico modernista e responsável por respeitar a identidade do imóvel e o traçado original do jardim.

Com isso, a casa deixará de ser apenas uma relíquia modernista para se tornar um espaço vivo de cultura, educação e experimentação artística, fortalecendo a memória de dois dos maiores nomes do design e paisagismo do século XX no Brasil. Ainda que a inauguração esteja prevista apenas para 2028, a preparação do espaço avança com firmeza.
A ideia é que o Instituto Burle Marx se consolide como referência internacional na difusão do paisagismo moderno, promovendo acesso público, atividades educacionais e imersão artística. Ao final, a restauração da Casa Cavanelas representa mais do que a reabertura de um espaço arquitetônico icônico: trata-se de reconectar o Brasil com sua história estética, social e ambiental — e preparar o terreno para novos olhares sobre o futuro da paisagem urbana e natural.