Na arquitetura de interiores, as cores vão muito além de agradar ao olhar. Elas reconfiguram sentidos, destacam elementos, modificam a questão de amplitude dos espaços e influenciam o bem-estar dos moradores. Longe de se limitarem às tendências ou combinações harmônicas, o emprego inteligente da paleta cromática é capaz de propor soluções funcionais e definir a identidade de um projeto.
“O emprego das cores é bastante versátil e tem um impacto expressivo. Um ambiente pode parecer maior quando paredes e mobiliário são mais claros, além de contribuírem com a iluminação geral, por refletirem a luz de volta. Já os tons escuros são preponderantemente voltados às ideias de gerar impacto e contraste, principalmente quando associados à iluminação”, explicam as arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira, à frente do escritório Freijó Arquitetura.
Segundo elas, cores não se resumem apenas à pintura das paredes: é preciso considerar a aplicação de materiais e todos os elementos envolvidos. “A madeira é um recurso frequente em nossos projetos, justamente pela variedade de efeitos que proporciona”, acrescenta Carolina.
A seguir, as profissionais expõem alguns projetos que demonstram como trabalham a colorimetria na transformação dos ambientes.
Cores que delimitam ambientes
Dentro da integração de ambientes que conectou sala de estar, jantar, home office, cozinha e varanda, a dupla trabalhou a setorização por meio das cores que se atrelaram com a volumetria no forro.

No detalhamento, a madeira no teto demarcou o home office e se estendeu pela cozinha. “Combinado com o branco presente no restante da laje, a sensação que provocamos é de amplitude para a área do estar”, explica Marianna.
O calor do azul
Na área social desse outro apartamento, Carolina e Marianna elegeram a naturalidade da madeira e do tijolinho como predominantes no espaço. E embora, por si só, os ambientes integrados já transmitissem uma boa dose de acolhimento, elas entenderam que a planta retangular, estreita e comprida da sala de estar poderia conduzir os moradores para uma percepção de confinamento.

Para mitigar essa possibilidade, o azul entrou em cena de maneira pontual, porém efetiva: a parede onde está a TV foi pintada e a referência também foi trazida para a cozinha com o MDF que reveste os armários superiores. “Essa mescla resultou em espaços mais calorosos e equilibrados”, comenta Carolina.
Marcenaria com efeito ‘caixa’

No living, o MDF de madeira criou uma ‘caixa’ que agrega a entrada do imóvel e o forro que conduz o morador à área íntima. Além de atuar com o ponto de cor principal, a dupla revela que o outro intuito foi desenvolver um clima intimista, quase como um casulo.

No hall do elevador a madeira também marca presença, mas com outra compreensão: junto com o tom sólido do piso e das portas, a peça criada pelas profissionais Carolina e Marianna se difere pela ideia de flutuar, justamente por estar ‘solta’ da parede e do piso | Projeto: Freijó Arquitetura | Fotos: Mariana Camargo
Um pórtico cenográfico
Com a constituição de um pórtico, a entrada deste apartamento recebeu o azul para colorir paredes, teto e porta que, por sua vez, ganhou ares de efeito cenográfico com a iluminação central em tom quente.

“Muito além de adicionar uma cor, a proposta aqui foi justamente a de impactar, mas de forma equilibrada”, detalha Marianna.
A responsabilidade da cor atribuída à marcenaria
Com sua face camaleoa, a madeira se destacou na estratégia de cores estabelecida pelas profissionais. No living, elas entenderam que seria, nada mais justo, deixar a restauração do piso de taco mostrar a sua imponência. “Por isso, a marcenaria assumiu um papel secundário”, contam.

No entanto, ao assumirem o efeito cimento queimado que se estende pelas paredes, teto queimado e no piso de cozinha, o verde assumiu a responsabilidade de realçar os armários e a ilha. “Essa troca de cores entre os materiais produz uma linha clara de transição entre os ambientes e um visual surpreendente”, finalizam.
Sobre a Freijó Arquitetura
Fundado em 2011, o escritório é comandado pelas arquitetas Carolina Castilho e Marianna Teixeira. Atualmente, a Freijó Arquitetura reúne três frentes de trabalho: arquitetura, design de interiores e yacht design.
Natural de Campinas, Carolina é arquiteta e urbanista formada pela FAU USP, mestre em Inovação na Construção Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e possui MBA em Gestão de Projetos, Processos de Negócios e Tecnologia no IPT-USP. Iniciou a sua carreira na área náutica, o que lhe trouxe um rigor com a qualidade e uma paixão por desenvolver projetos customizados para cada cliente. Sensível e dedicada, se inspira nas histórias de cada um deles para criar espaços que enriqueçam suas vidas.
Mineira, Marianna é arquiteta e urbanista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e possui MBA em Gestão Empresarial na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. De descendência suíça, passou a infância entre Minas Gerais e a Europa, vivência que ampliou seu repertório e contato com a natureza. Essa experiência se reflete na sensibilidade com que aplica materiais e texturas naturais em seus projetos.
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Sou Cláudio P. Filla, formado em Comunicação Social e Mídias Sociais. Atuo como Redator e Curador de Conteúdo do Enfeite Decora. Com o apoio de uma equipe editorial de especialistas em arquitetura, design de interiores e paisagismo, me dedico a trazer as melhores inspirações e informações para transformar ambientes.
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